Geopolítica e Especulação: o que acontece no mercado de petróleo

Estoques de petróleo como estratégia de negociação

XTI/USD

Zona-chave: 61.50 - 63.50

Compra: 63.50 (com fortes fundamentos positivos); alvo 65.50-67.50; StopLoss 62.80

Venda: 61.50 (num recuo após uma correção); alvo 60.00-59.50; StopLoss 62.20

O petróleo tornou-se um mercado distinto e altamente eficiente, onde produtores e compradores podem negociar facilmente volumes enormes de matéria-prima. Este mercado processa uma quantidade colossal de dados. Qualquer “opacidade” de informação, mesmo parcial ou temporária, dificulta a análise e faz com que os preços de mercado não reflitam corretamente o real equilíbrio entre oferta e demanda.

Existem dois fatores-chave que hoje o mercado tenta ignorar: os volumes de petróleo sancionado e a escala dos estoques acumulados. Se somarmos a isso os riscos relacionados às guerras comerciais, fica claro por que os preços do petróleo têm se mantido há meses dentro de uma faixa relativamente estreita, por exemplo, US$65–70 para o Brent.

Apesar das constantes ameaças verbais de excesso de oferta, os grandes players evitam fazer grandes apostas quando não há consenso sobre os fundamentos do mercado.

Aliás, as previsões divergem bastante. A AIE espera crescimento do consumo em 740 mil barris por dia em 2025, enquanto a OPEP projeta 1,3 milhão por dia — uma diferença enorme nas estimativas.

O Fator China

Este ano, as importações de petróleo bruto da China superaram significativamente os volumes processados nas refinarias — um claro sinal de acumulação de estoques. Nos oito primeiros meses, o volume médio de “excedente” foi de 990 mil barris por dia, quase 1% da demanda global.

Isso gera uma discrepância entre os volumes de refino e a demanda interna aparente. Ou indica grandes “zonas cegas” nos dados do mercado chinês, ou sugere que as refinarias estão acumulando estoques de derivados prontos.

Estoques Globais

O principal indicador sempre foram os dados de estoques dos países da OCDE, reportados à AIE. Mas hoje a China não divulga seus números reais.

Segundo a empresa de análises Kayrros, desde o início do ano a China adicionou 73 milhões de barris aos seus tanques terrestres, enquanto os estoques da OCDE cresceram apenas 40 milhões no mesmo período.

A “Frota Sombria”

O quadro geral é distorcido pelo uso de petroleiros não segurados que transportam petróleo de países sob sanções (Rússia, Irã, Venezuela). Juntos, produzem cerca de 13,5 milhões de barris por dia, ou 13% da oferta global.

Esses navios criam “zonas cegas”, nas quais compradores (como a Índia) ocultam a origem da carga. Desde junho de 2022, a China deixou de reportar oficialmente as importações de petróleo iraniano em seus dados alfandegários. A AIE está ciente do problema, mas transfere a solução para os políticos.

Os fundamentos também recebem suporte dos dados de estoques dos EUA e do Federal Reserve, que podem reforçar o otimismo sobre o crescimento econômico e a demanda por petróleo.

Do ponto de vista técnico, tanto o WTI quanto o Brent estão em zona de consolidação. No WTI, o suporte está em US$63,50–62,50. Um movimento firme acima de US$63,50 pode abrir espaço para retestar as resistências de US$65 e US$67, enquanto uma quebra abaixo pode levar a quedas para US$61,50–60,00. O balanço de riscos ainda aponta para compras, mas não há razões fundamentais fortes para um rali.

Portanto, agimos com prudência e evitamos riscos desnecessários.

Bons lucros a todos!