Orçamento do Reino Unido: de onde virá o dinheiro?

GBP/USD

Zona-chave: 1.3180 - 1.3280

Compra: 1.3300 (em uma base positiva forte) ; alvo 1.3450-1.3500; StopLoss 1.3230

Venda: 1.3150 (após um novo teste do nível 1,3250) ; alvo 1.2950; StopLoss 1.3230

A Chanceler do Tesouro, Rachel Reeves, apresentou um projeto de orçamento provocador, destinado a estabilizar as finanças públicas e, simultaneamente, fornecer apoio adicional à economia. Num contexto de baixa produtividade e crescente pressão sobre os rendimentos das famílias, o governo aposta no aumento de impostos em vez da redução de despesas.

A primeira reação do mercado já passou. Vejamos por que motivo as discussões se tornaram tão agressivas.

O projeto prevê £26 mil milhões em receitas fiscais adicionais através do reforço da política fiscal e da extensão dos chamados “stealth taxes” (fiscal drag).

Principais fontes de receita (até 2030):

• Manutenção dos limites do imposto sobre o rendimento até 2031 — receita estimada de cerca de £23 mil milhões em 2030/31.
• Limitação dos benefícios sobre contribuições para pensões: montantes acima de £2.000 passam a ser tributados tanto para empregadores como para trabalhadores (≈£4,7 mil milhões em 2029/30 e ≈£2,6 mil milhões em 2030/31).
• Novo imposto sobre imóveis residenciais: casas entre £2–2,5 milhões — £2.500 por ano; acima de £5 milhões — £7.500 (≈£0,4 mil milhões por ano a partir de 2028/29).
• Impostos sobre rendimentos de capital e riqueza: alterações nas taxas e regras para dividendos, juros de poupança, rendimentos de arrendamento, mudanças nas contas ISA e benefícios fiscais para pensões.
• Impostos e taxas sectoriais, incluindo reforma da tributação do jogo, taxa turística em Inglaterra, taxa sobre aviação privada, imposto especial de consumo sobre veículos elétricos, entre outros.

Ao mesmo tempo, prevê-se um forte aumento das despesas (revogação do limite de dois filhos nos benefícios sociais, suavização das reformas de apoio à deficiência, arrefecimento do mercado de luxo — especialmente em Londres). O aperto fiscal líquido é moderado, mas a estrutura da base tributária altera-se significativamente.

O aumento do salário mínimo nacional (NLW para £12,71 em 2026) eleva os custos laborais no retalho, hotelaria e pequenas empresas. Analistas consideram o projeto positivo no conjunto, mas conflituoso e pouco sólido na estrutura fiscal.

O plano melhora a sustentabilidade da trajetória da dívida, mas não resolve o problema do fraco crescimento económico — fator-chave para a evolução de longo prazo da GBP.

A divulgação antecipada do documento na imprensa antes do discurso oficial de Reeves provocou uma reação nervosa, mas globalmente positiva. Os investidores concluíram que, apesar de impostos mais altos e de um crescimento frágil nos rendimentos, existe disciplina fiscal e que é improvável uma repetição do colapso do mini-orçamento de Liz Truss.

O projeto fornece ao Banco de Inglaterra mais argumentos para cortar a taxa já na próxima reunião, embora as previsões indiquem que a inflação só regressará de forma sustentável ao objetivo em 2026. O ruído político em torno das acusações contra Reeves (“enganar eleitores”, possível investigação da FCA) ainda não se traduziu numa penalização expressiva da libra.

A libra deverá permanecer na parte superior das faixas atuais contra as principais moedas, com tendência moderada de valorização (zona provável para GBP/USD: 1,33–1,37; possível correção: 1,3550–1,3600), desde que não surja um novo choque político associado à dupla Reeves/Starmer e que o apetite global pelo risco se mantenha.

Recorde-se: o orçamento ainda não foi aprovado — alterações e compromissos são possíveis. A data final de votação do Finance Bill 2025 ainda não está definida; poderá ocorrer em meados de dezembro de 2025 ou em janeiro de 2026. Caso surjam debates prolongados, emendas ou forte resistência, a aprovação poderá deslizar para o final do 1.º trimestre.

Portanto, agimos com prudência e evitamos riscos desnecessários.

Bons lucros a todos!