A Estratégia de Michael Saylor: comprar e nunca vender

Quanto custa manter o “ouro digital”
BTC/USD
Zona-chave: 100,000 - 103,500
Compra: 105,000 (com fundamentos positivos sólidos) ; alvo 108,500; StopLoss 104,000
Venda: 101,500 (em recuo após reteste do nível 102,500) ; alvo 97,500-96,000; StopLoss 102,500
No mundo cripto, a empresa Strategy (anteriormente MicroStrategy) é uma verdadeira terra incógnita: o propósito de seu negócio é acumular bitcoins. Sem vendas ou especulações – apenas compras. Michael Saylor criou o maior tesouro digital do mundo (Digital Asset Treasury, ou DAT), prometendo “nunca vender um único satoshi”.
Essa política também tem um preço, e é alto.
Em novembro de 2025, a Strategy possui 641.205 BTC (avaliados em mais de US$ 66 bilhões), mas manter esses ativos custa aproximadamente US$ 689,5 milhões por ano. Esses gastos incluem serviço da dívida, pagamento de dividendos, manutenção de infraestrutura e despesas operacionais. Quanto mais BTC a empresa compra, maiores se tornam suas obrigações financeiras.
A Strategy tenta minimizar impostos para criar condições ideais para seus acionistas, mas o modelo financeiro se transforma em um ciclo infinito: para não vender tokens, é preciso buscar constantemente novo capital.
Diferente das empresas tradicionais, uma Digital Asset Treasury não obtém lucro com a venda de produtos ou serviços – seu principal ativo existe apenas na blockchain. Para manter estabilidade, companhias como a DAT recorrem a finanças descentralizadas, empréstimos, estratégias de rendimento e emissão de instrumentos financeiros lastreados em seus ativos. Isso nem sempre é seguro, mas o mercado ainda acredita.
Para continuar comprando BTC sem vender, a Strategy emite constantemente novas ações ordinárias e preferenciais (STRK, STRF, STRD, STRC, STRE). Os dividendos variam de 8% a 10,5%, somando centenas de milhões em novas obrigações anuais.
Se em 2026 a empresa continuar captando capital neste ritmo, os custos podem ultrapassar US$ 1 bilhão. A receita real nos primeiros nove meses de 2025 foi de apenas US$ 355 milhões, já que a maior parte dos lucros é o aumento não realizado do preço do bitcoin.
O modelo é eficaz enquanto durar o otimismo em torno do BTC, mas qualquer colapso ou perda de confiança pode causar o desmoronamento de toda a estrutura financeira.
No último ano, o número de empresas que adicionaram BTC ao balanço aumentou rapidamente: apenas no terceiro trimestre de 2025, a Bitwise registrou 48 novos Digital Asset Treasuries. Atualmente há mais de 200 dessas companhias, que juntas possuem mais de 1 milhão de BTC. A maioria apresenta um efeito curto – as ações sobem após o anúncio da compra e depois perdem o interesse do mercado.
A metodologia da Strategy baseia-se em risco sistêmico, não em publicidade. Hoje a empresa detém US$ 64 bilhões em BTC contra US$ 8 bilhões de dívida – cerca de US$ 56 bilhões de capital próprio em bitcoin. Essa estrutura permite emitir títulos conversíveis e ações preferenciais sem diluir o valor acionário. Por isso, as ações MSTR costumam ser negociadas com prêmio sobre o valor líquido ajustado (mNAV) – investidores pagam mais porque confiam tanto em Saylor quanto em sua empresa.
Acumular criptomoedas pelo método Strategy é caro, arriscado, mas… elegante. Os fãs continuam comprando suas ações com ágio, acreditando que vence quem sabe esperar. Para não apertar o botão “vender”, a empresa gasta quase US$ 700 milhões por ano, e o verdadeiro propósito dessa acumulação ainda é incerto.
Portanto, agimos com prudência e evitamos riscos desnecessários.
Bons lucros a todos!