Powell assusta os mercados, mas já ninguém acredita nele

A Reserva Federal ajusta as taxas de juro
SP500
Zona-chave: 6,800 - 6,900
Compra: 6,950 (com fundamentos positivos sólidos); alvo 7,100; StopLoss 6,880
Venda: 6,800(em recuo após reteste do nível 6.900); alvo 6,700-6,650; StopLoss 6,870
Apesar de uma divisão significativa nas opiniões de voto, a Reserva Federal voltou a reduzir a taxa em 0,25%. Até agora, o mercado reagiu de forma moderadamente positiva: S&P 500 +0,7%, Nasdaq +0,3%, Dow quase +500 pontos — embora seja importante recordar que os índices já estavam próximos dos máximos históricos. Os mercados asiáticos negociaram de forma mista: o Nikkei manteve-se próximo de zero, pressionado por acontecimentos corporativos (quedas de algumas ações tecnológicas) e pela valorização do iene devido ao dólar mais fraco.
Isto significa que grande parte do impacto da decisão da Fed já estava descontado nos preços, pelo que os efeitos reais deste ajuste devem ser avaliados numa perspetiva de médio prazo.
Para o S&P 500, o cenário base de médio prazo é a continuação da tendência altista ou uma fase de consolidação perto dos máximos, dentro de um intervalo de +5–10% das cotações máximas — desde que não haja um aumento acentuado do desemprego e a inflação continue a desacelerar gradualmente.
O cenário negativo: se os dados do mercado laboral se deteriorarem de forma abrupta, as expectativas de lucros podem ser revistas em baixa, levando a uma compressão dos múltiplos mesmo num ambiente de taxas reduzidas. Nesse caso, poderá ocorrer uma queda real — ou pelo menos uma correção profunda.
O Nasdaq também deve beneficiar da redução da taxa, mas com riscos superiores. Nos próximos 3–6 meses, o cenário altista moderado é plausível, mas qualquer surpresa inflacionista poderá provocar movimentos bruscos.
Podemos identificar ações que, num contexto de dificuldades económicas nos EUA e de tentativa de suavização monetária por parte da Fed, podem ser interessantes para compras de médio prazo:
- Devido à forte procura por IA e tecnologias cloud: Nvidia; Microsoft; Broadcom; Amazon; Alphabet; AMD; Apple; Meta Platforms; Salesforce; Oracle.
- Empresas sensíveis aos rendimentos das Treasury e às taxas baixas: Netflix; Trade Desk; Spotify; Disney; T-Mobile; Warner Bros.
- Empresas com margens estáveis, carteira de encomendas sólida e baixo endividamento: Honeywell; Caterpillar; John Deere; GE Aerospace; Lockheed Martin; UPS; 3M.
- Setor financeiro: JPMorgan; Bank of America; Goldman Sachs; Morgan Stanley; Wells Fargo; Citigroup; Berkshire Hathaway.
O mercado atual não corresponde ao cenário clássico do início de um ciclo agressivo de flexibilização monetária, em que “tudo sobe”. Métricas fundamentais para monitorizar continuamente incluem: NFP, taxa de desemprego, JOLTS, ISM serviços/indústria, rendimento das Treasury a 10 anos e o diferencial 2Y–10Y.
Lembre-se: o mercado é seletivo, e os lucros concentram-se nos segmentos cujos modelos de negócio beneficiam de taxas mais baixas, mas não dependem criticamente de uma aceleração económica súbita.
Portanto, agimos com prudência e evitamos riscos desnecessários.
Bons lucros a todos!