Como o caos político mata a economia

A França se torna o azarão da UE

#EURGBP

Zona-chave: 0.8620 - 0.8680

Compra: 0.8700 (após uma sólida quebra de 0,8680); alvo 0.8850; StopLoss 0.8630

Venda: 0.8600 (com fortes fundamentos negativos) ; alvo 0.8450; StopLoss 0.8670

A oposição derrubou mais um primeiro-ministro — o centrista François Bayrou — devido ao seu plano de cortar €44 bilhões ($52 bilhões) do orçamento. A prolongada crise governamental está travando a atividade empresarial e o consumo. Agora, o mercado vê Paris como parte da periferia da zona do euro, com risco elevado.

A França já não possui sequer um cenário virtual de saída da crise. O novo governo, que deverá apresentar um plano orçamentário “mais eficiente” para 2026 até 7 de outubro, será claramente menos ambicioso.

A dívida pública da França atingiu €3,3 trilhões em junho, equivalente a 114% do PIB. Esse nível é menor do que o da Grécia (153%) e da Itália (138%), mas, ao contrário deles, Paris não dispõe de um superávit orçamentário significativo. O Tribunal de Contas alertou que os pagamentos da dívida podem ultrapassar €100 bilhões até 2029, caso o crescimento econômico desacelere ou as medidas de contenção do déficit falhem. Em 2024, os pagamentos chegaram a €59 bilhões, a maior rubrica do orçamento.

O presidente Macron não pretende convocar eleições parlamentares antecipadas, considerando-as politicamente inúteis e financeiramente onerosas. Sébastien Lecornu, ex-ministro da Defesa, nomeado por Macron como novo primeiro-ministro, declarou que trabalhará pela estabilidade política.

Hoje, a França enfrenta uma greve nacional sob o lema “Bloquear tudo”, convocada pelos sindicatos desde o verão.

Os mercados financeiros já reagem negativamente, sobretudo diante da perspectiva de aumento de impostos e desaceleração econômica, o que também preocupa o Reino Unido.

O mercado de títulos francês sempre foi considerado um dos mais seguros da Europa. Porém, no atual impasse político, Paris é obrigada a pagar um prêmio de risco mais alto. Os rendimentos dos títulos de 10 anos já subiram para 3,47–3,49%, acima dos de Grécia e Itália.

A instabilidade francesa pesará sobre o euro, ainda que de forma limitada. A correlação entre risco soberano francês e o câmbio do euro geralmente é fraca, com reação apenas em caso de estresse intenso. Até agora, o impacto é visível apenas nas ações bancárias: BNP Paribas, Crédit Agricole e Société Générale caíram 8–10%.

Apesar do caos, o euro mostra força moderada frente ao dólar e pode manter a tendência de alta no curto prazo. No geral, os riscos franceses já estão precificados: o impacto esperado é de 0,5–0,75% e provavelmente temporário. No entanto, níveis técnicos de resistência, como 1.1800 no EUR/USD e 0.8700 no EUR/GBP, podem limitar ganhos adicionais.

Portanto, agimos com prudência e evitamos riscos desnecessários.

Bons lucros a todos!