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O polêmico NonFarm Payrolls pode quebrar o dólar

Ontem o índice S&P 500 voltou a renovar a máxima histórica.

O motor positivo não foi apenas o interesse por Apple, Nvidia e Tesla, mas também uma mudança nas relações comerciais entre os EUA e o Vietnã. Os EUA concordaram em impor tarifas de 20% sobre parte das importações vietnamitas, o que inesperadamente gerou otimismo.

Mas por pouco tempo. O dia 9 de julho está logo aí, e ainda não existem “grandes” acordos comerciais com os principais parceiros. Mesmo assim, o Nasdaq subiu quase 0,8%, e o dólar americano se fortaleceu em relação a todas as principais moedas, incluindo o iene.

Aliás, o “big beautiful bill” já passou no Senado e segue para a Câmara dos Deputados. Se aprovado, o déficit do orçamento americano subirá em US$4 trilhões, e a dívida pública pode chegar a 125% ou até 130% do PIB — o maior nível desde a Segunda Guerra.

Se a inflação permanecer persistentemente alta, o Fed não conseguirá cortar juros de forma agressiva, e a Casa Branca terá de escolher entre cortar gastos ou declarar calote.

O PMI Industrial do ISM permaneceu abaixo de 50 pontos — 49,0 em junho contra 48,5 no mês anterior. Isso combina com a dinâmica de setores correlatos: mercado imobiliário fraco, consumo modesto e aumento do desemprego. As tarifas de importação foram criadas para proteger o mercado doméstico, mas na prática a indústria americana começa a sufocar. E podem ser necessários vários trimestres para adaptação ao novo cenário.

Se até a Ford foi obrigada a parar fábricas por falta de ímãs chineses, de que estabilidade nas cadeias de suprimentos podemos falar?

O que esperar do NFP?

Lembrando que o relatório anterior do NFP mostrou relativa estabilidade no mercado de trabalho. Mas as revisões de meses anteriores estragaram a leitura — por exemplo, o dado de abril foi revisado para baixo em 30 mil vagas. Isso virou má tradição: em 22 dos últimos 28 meses os números de emprego foram revisados para baixo.

• Se os dados de emprego agora vierem fracos, o Fed poderá cortar juros já na próxima reunião, exatamente o que Trump deseja. O nível de desemprego que Powell chama de “saudável” pode rapidamente ultrapassar o aceitável.

• Se o desemprego continuar baixo, mas houver redução na força de trabalho, isso mostrará enfraquecimento estrutural — o Fed não poderá ignorar esse sinal.

• Se o NFP vier forte, superando previsões, as expectativas de corte de juros em setembro diminuirão, o que seria positivo para o dólar.

Ontem Trump afirmou de forma especialmente agressiva que Powell deveria renunciar imediatamente. É bem provável que Trump já tenha visto os números do NFP e não tenha gostado. A projeção do Goldman Sachs fala em 85 mil vagas, mas dessas, 40 mil vieram por deportação de imigrantes e cortes nos contratos do governo de Musk.

Avisos de demissão pelo sistema WARN e relatórios da Challenger apontam maior pressão, e o ritmo fraco de contratações deixa o mercado de trabalho em situação crítica.

Nesse cenário, o dólar ficará pressionado não apenas pela possível redução de juros do Fed, mas também pela ameaça de recessão econômica. Assim, só nos resta observar como erros políticos se transformam em problemas econômicos.

A reação ao NFP será mista, pois vários indicadores serão publicados ao mesmo tempo. Após o NFP, pode ocorrer reversão da tendência de médio prazo em EUR e JPY. Atenção ao fechamento antecipado das bolsas americanas; amanhã será feriado nos EUA. A liquidez de mercado nesse período ficará instável, mas haverá especulações com certeza.

Bons lucros a todos!

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